
Lógica, Oratória, Metafísca, Ontologia, Epistemologia, Ética, Estética, Fenomenologia, Escolástica, Humanismo, Idealismo, Materialismo, Existencialismo, Pragmatismo, Iluminismo, Racionalismo, Helenismo, Cepticismo, Cinismo, Estoicismo, Solipsismo, Orientalismo, Epicurismo, Heliocentrismo, Positivismo, Onirismo... Pois sim... Tanta corrente filosófica para estudar e uma vida tão curta. A frustração, nestes casos, apresenta-se cruel, corrosiva e implacável às minhas células nervosas. As orbes celestes vivem éons infindos. A vida humana tem a duração de um fósforo cósmico. Acende, queima e morre. Mais rápido que o ciclo respiratório do mais diminuto dos planetas. Não me molestam os mistérios. Não me incomoda o devir. Não me fere o pós-vida. Mas entrar no raio de uma biblioteca ou livraria qualquer que seja e tomar consciência que nunca vou apreender sequer um centésimo do seu conteúdo mortifica-me. Tanto, que evito cada vez mais tais visitas. Custa-me engolir a efemeridade da duração da vida humana. Mesmo ponderando as teorias reencarnacionistas. Custa-me. Nem com sais de fruto para a mente consigo um boa digestão para este facto. Compreendo, pois, em analogia metafórica, a revolta do Roy no grandioso Blade Runner. A famosa cena da lágrima. Sinto-me cúmplice e subscrevo a sua raiva. Já ouvi falar muito nos Akáshikos, esperança última. "Last exit for the lost." Mas estão tão longe como Cassiopeia, raios! E eu não pago o preço com facilidade ou de ânimo leve. Ou, neste caso concreto, de anima leve. Dado o tema, não resisti ao trocadilho. Posso perder a esperança, mas nunca o humor.