21 abril 2009

A geisha que há em mim

hoje está algo eriçada.
Apetecia-lhe que a noite que se aproxima não tivesse fim.
Apetecia-lhe uma daquelas famosas noites de Verão indiano, quentes, infindas, saborosas ... Apetecia-lhe que o rouxinól cantasse toda a noite no beiral da janela.
Apetecia-lhe rasgar o kimono e despentear o toucado selvaticamente, depois de ter passado horas a preparar-se.
Rebelar-se contra o Samurai, para depois matar a rebelde e renascer submissa.
Está eriçada porque sim.
Olhou-se ao espelho, maquilhou-se, vestiu-se e sorriu.
E sorriu mais ainda, eriçada consigo mesma.
Sorriu como Narciso.
Sorriu para o reflexo em conivência pela noite que se avizinha.