04 janeiro 2012

Hommage ao Deus Italiano


Dizia noutra vida que gostava de voltar a ensinar. Mas não tinha tempo. Tão pouco paciência. Sabia que no seu sangue corria a prestigiosa virtude da genialidade. Fosse que matéria fosse. Sabia que “aquilo que melhor sabes é o que mais precisas de aprender”. Como se de uma fonte inesgotável se tratasse. Quanto mais se bebe, mais generosa brota a corrente. Sabia que devia isso ao seu ser e à humanidade que pronta se achasse a empreender viagens de pedagogia e conhecimento, a conhecer a natureza hipostática do todo. Sabia que tinha de esventrar a ciência e reinventar arquétipos, explorar padrões, estripar paradoxos, sondar protótipos. Mas não se conseguia violentar. A inanimada volúpia da retracção não deixava que a candeia alumiasse mais além. E assim esperou por outra vida, por uma encarnação mais corajosa e dinâmica em que empunhasse a luminária contumaz sem dúvidas ou restrições. Enquanto esperava sorveria ainda mais conhecimento, limaria arestas mais mordazes, libaria erudição por todos os poros para um dia rebentar em puro poder esclarecedor. E assim foi. Um dia reencarnou em Itália e explodiu como uma supernova.