09 agosto 2009

A mais bela das Geishas

Noe Tawara, Jiutamai Dance

A mais bela das geishas dançou para os comuns mortais na passada Sexta-feira em Lisboa. Deixou a indefectível plateia sem ar, sem Alma, sem tempo nem espaço. Enquanto dançou preencheu-nos consigo mesma, com a sua história terrivelmente mórbida e triste, com a sua graciosidade celestial, com a estética levada ao extremo. Deixou-nos ávidos por mais. Passaríamos ali a noite inteira ao vento e ao frio, a vê-la rodopiar, dançar, mover-se. Cada movimento, cada deslocação, cada gesto seu aperfeiçoado ao limite, tão carregados de expressividade que bastou o acompanhamento do shamisen para percebermos todo o argumento. De simplicidade e humildade cativantes, corroeu-nos o espírito, envenenou-nos a Alma como um espectro vindo de uma dimensão paralela, como uma feiticeira real e bela. Mais que bela. Divina! Nem estar por trás da lente me salvou. Entreguei-me ao momento e morri com ela, a vê-la dançar.