16 maio 2009

Escuridão


Quem ousa percorrer os caminhos mais internos de qualquer círculo arrisca-se a encontrar bizarrias desviantes, mistérios, enigmas, oráculos, esfinges que podem levar à loucura labiríntica a mais racional das mentes. São passagens entre os mundos conhecidos, dimensões paralelas (ou não), limbos mentais, extensões existenciais, dilatações da realidade, expansões da consciência.

Há quem apascente aí o espírito, quem beba nessas fontes a inspiração criativa e produtiva, por vezes iluminada, que mata a fome aos indefectíveis sobreviventes de uma era magra em criatividade. Há quem traga dessas estranhas paragens um sentido de vida que faísca nas sinapses nervosas até ao estado de curto-circuito, como centelhas demenciais com um fulgor de mil sois num mundo privado de imparcialidade, em que o ser humano é treinado, educado e instruído para aceitar os padrões de normalidade, a realidade pouco plástica, e a existência simples e comutante.

Dizem os sábios que é necessário estar submergido na escuridão para ver a Luz. Quem percorre caminhos mais luzidios e nítidos andará encadeado?

Dizem os padres exorcistas que quem olha as trevas nos olhos, deixa-se transfixar e leva-as consigo onde quer que vá. Talvez. Farão melhores exorcismos depois do primeiro?