05 maio 2009

Inconsciente ao Sabor da Pena


Por vezes parece-me que a realidade se desfragmenta. Regressa de novo o conceito de moscas temporais. De portais ciclópicos. De eterno retorno. De teias cósmicas feitas de pontos de luz unidos entre si. De membranas de filigrana de prata. De crepúsculos à beira Ganges. De realidades paralelas que se cruzam num momento de fusão eónico. Do sabor a eternidade. E a realidade desfragmenta-se porque sei que nada disto é ilusório. É tão real como a respiração, como o bombear do órgão do sangue, como a fome e a sede. Essa desfragmentação nunca se afigura caótica, pelo menos ao meu ser, uma vez que, se a considero real, convive em pacifismo e equidade com a realidade-padrão preponderante. E assim, os ciclos mágicos existenciais sucedem-se. São apenas um registo diatónico e por vezes até colorido de metafísica. Para além das fronteiras instituídas há sempre espaço para mais, existe sempre possibilidade de arrumação, de consagração, até de exaltação se for caso disso. Há também tempestades temporais, milenares que adjuvam a transformação, a evolução. Mas isso são falhas próprias de um sistema que ainda se encontra em fase de aperfeiçoamento. Sem falhas ou erros não há aprendizagem anímica. Daí que seja necessária toda a atenção, quase carinho pelo erro e consequente tempestade para tornar segura uma ascése plena e sólida, diria mesmo (multi)metacárpica, uma vez que se trata tão somente de escalar montanhas, A montanha pessoal, o também chamado Caminho. A cosmogonia existencial é tão palpável como passar a mão pelo cabelo. A densidade da observação e atenção humana é que pode ser de pouca profundidade e alguma distracção. O atlas da Alma humana existe. Está escrito a ferro e fogo numa égregora própria a que os sábios antigos chamam os Arquivos Akáshicos, ainda que infinitos, inacabados e labirínticos. Existem. São tão reais como a biblioteca de Alexandria o foi um dia. As confluências cósmicas, inter-galácticas são marcas profundas no Universo. Visíveis, mensuráveis, de cálculo um pouco colossal para a escala humana, mas alcançável por uma mente superior, uma mente da qual fazemos parte integrante. Uma mente que poderemos Ser um dia.